30
Jul 09
publicado por Alexandre Veloso, às 20:32link do post | comentar | ver comentários (3)

O Tribunal Constitucional chumbou hoje as polémicas normas do "célebre" Estatuto Regional dos Açores. Isto não surpreende ninguém. Desde o início desta novela que já se sabia que a razão estava do lado do Presidente. O PS fez birra e resolveu afrontar Belém quando aprovou o diploma na Assembleia da República, após este ter sido duas vezes chumbado por Cavaco Silva.

 

O caso parou no TC, que agora vem dar toda a razão a Cavaco. No meio desta história quem fica mal na fotografia é José Sócrates, que arranjou um conflito evitável com Cavaco, o que acabou lhe custando o fim da cooperação estratégica, e são os deputados do PS, que votaram a favor da aprovação do diploma, quase por unanimidade, revelando assim falta de pensamento próprio, preferindo ao invés disso prestarem-se ao triste papel de um uns simples "yes man".

 

Afrontar o Presidente nunca é bom resultado, ainda mais com medidas que afectam o poder presidencial. E Sócrates sabe-o bem, já que quando resolve bater de frente com Cavaco, acaba quase sempre por perder.

 

PS: A atitude de "mau perder" revelada pelo PS-Açores é digna de registo por ter sido tão lamentável. Um ataque cerrado ao Tribunal Constitucional, que é acusado de ser centralista e a Manuela Ferreira Leite, que é acusada de apoiar aqueles que querem tirar forças aos açorianos e de, em conluio com Cavaco Silva, tentar acabar com a Lei das Finanças Regionais, para assim ajudar Alberto João Jardim. 

Como é possível envolver o nome do Presidente em guerrilhas partidárias? A acusação é grave e não deve passar sem resposta por parte de Belém.

Curiosa também a reacção do PS, pela voz de Alberto Martins, que diz que o chumbo de algumas normas não altera substancialmente o Estatuto. E eu pergunto: Se não altera, então para que foram lá postas?


27
Jul 09
publicado por André Pereira, às 23:55link do post | comentar | ver comentários (3)

Não vou ser muito exigente, prometo. Com o aproximar das campanhas eleitorais, gostava de ouvir falar de temas que fossem verdadeiramente relevantes. A mim não me basta saber que é um partido é a favor das grandes obras e outro contra, que um é conservador e o outro mais aberto. Isso não me basta a mim, nem a ninguém. É preciso saber o que cada um pensa para ultrapassar a crise, o que cada um propõem para as empresas, famílias, cultura, saúde e justiça.

 

Não é tempo de passar cheques em branco aos partidos. É sim tempo de elevar o debate político e arregaçar as mangas. Por que não se debatem em Portugal questões estruturantes? Será que só sabemos distrair-nos com fait-divers? Alguém sabe o que pretende o PSD fazer? E o PS?

 

Não é com apelos à verdade que se realiza um programa de governo, não é com o bota-baixismo que se endireita o país. É com debate de ideias e reformas. Sem medos.

Não é encapotando e escondendo as medidas que se chega a lado algum.

Eu pela minha parte sei o que quero. Pena que os partidos teimem em não discutir o que cada um de nós quer. Portugal pode avançar. Não estamos condenados a viver com esta mediocridade.


18
Jul 09
publicado por Alexandre Veloso, às 21:51link do post | comentar

 

 

 

Morreu ontem, aos 92 anos, Walter Cronkite, uma das maiores figuras da história do jornalismo americano e  também da CBS, onde esteve durante trinta anos.

Durante dezanove anos (1962-1981) foi o "pivot" do "CBS Evening News", trazendo aos lares dos norte-americanos todas as notícias do dia.

 

Cronkite esteve nos momentos mais importantes da história americana. Cobriu a Segunda Guerra Mundial e o desembarque das tropas aliadas na Normandia, em 1944, informou em primeira mão, e com a voz embargada de emoção, a morte do Presidente Kennedy, esteve no Vietname após a célebre Ofensiva do Tet, e não se coibiu de afirmar que os EUA não iriam vencer a guerra, relatou em directo a aterragem do primeiro homem na Lua, cobriu e relatou a crise do Watergate que levou à queda de Nixon e ainda a crise dos reféns americanos na embaixada dos EUA em Teerão.

 

Cronkite era tão importante e influente que foi considerado "o homem mais fiável da América". Sempre considerou que a forma como terminava os telejornais, com a frase "and that´s the way it is", era representativa do mais alto ideal de um jornalista, porque assim retratava aquilo que realmente via.

 

Fica aqui o registo dos momentos mais históricos da carreira de Walter Cronkite.

 

 


16
Jul 09
publicado por Alexandre Veloso, às 19:01link do post | comentar

 

 

 

Como podemos definir a proposta de Alberto João Jardim de numa futura revisão constitucional ilegalizar o PCP?

 

Talvez como RIDÍCULA, porque Portugal é um país livre e democrático e em países livres e democráticos não se proíbem partidos políticos de existirem. O mais irónico é que esta é uma prática corrente nos regimes comunistas que ainda sobrevivem (China, Cuba, Coreia do Norte)!

 

O Partido Comunista pode ter ideias e ideais ainda muito ligados ao passado ter ainda o sangue marxista-leninista a correr-lhe nas veias, mas isso não é razão para de repente querer ilegalizá-lo. Se em outros países os partidos comunistas não tem relevância é porque simplesmente não existem pessoas que queiram votar neles, o que não é o caso em Portugal, onde o PCP tem sempre votações que rondam as casa dos dez por cento, seja em legislativas ou europeias, possui um grande número de presidentes de câmara e tem uma grande base de apoio.

 

Mesmo sem nenhuma hipótese de algum dia chegar ao Governo, o PCP tem o direito de existir, porque simplesmente existem ainda milhares de pessoas que nele votam e que nele acreditam. Ilegalizar partidos em Portugal é típico do período do Estado Novo. A ideia de ilegalizar um partido político em pleno século XXI é tão ridícula que parece saída dos momentos mais quentes do PREC, no ido verão de 1975.

 

Só lamento é que a direcção nacional do PSD não se tenha ainda demarcado de ideia tão estapafúrdia, que só poderia mesmo ter saído da cabeça de Alberto João Jardim.


15
Jul 09
publicado por Alexandre Veloso, às 17:04link do post | comentar

Após ver a entrevista de ontem de Santana Lopes na RTP cheguei a uma conclusão sobre ele: é uma pessoa com uma coragem enorme e com uma grande paixão à actividade política.

 

Como Primeiro Ministro é certo que Santana foi uma catástrofe, mas quem em 2005 considerava que a sua carreira política estava acabada enganou-se redondamente. Após uma aventura falhada como líder da bancada parlamentar do PSD, a carreira de Santana ganhou um novo fôlego com as eleições para a presidência do partido em 2008. Apesar de ter perdido, Santana obteve uma grande votação, o que só demonstra que continua a possuir uma grande base de apoio dentro do PSD. 

 

Esta nova candidatura a Lisboa é digna de aplauso porque não me recordo de em nenhum país um antigo Primeiro-Ministro ser novamente candidato a presidente de câmara, um cargo infinitamente menor. Certamente há quem pense que esta é apenas uma forma de continuar visível dentro da política. Talvez sim, mas existem muitos que tentam manter-se vivos no universo político de outras formas, mas sem coragem de dar novamente a cara numa campanha política como candidato a algum cargo.

 

Santana demonstra ter ideias concretas sobre o que é preciso fazer em Lisboa, enquanto o actual presidente da Câmara só aparece a dizer mal de Santana, relembrando o passado deste na câmara, principalmente em 2002 e 2003. A propósito disto eu pergunto: até quando é que os políticos dos vários partidos vão continuar a usar como arma de arremesso político um passado de seis, sete ou oito anos atrás? É que críticas feitas sobre coisas ocorridas à dois ou três anos ainda se aturam, mas buscar no fundo do baú actos de quase dez anos atrás não fica bem a ninguém. Mas de uma coisa estou certo de que Santana não pode ser acusado: de não saber do que fala e de não ter capacidades políticas para liderar a autarquia. Se uma pessoa que lidera duas autarquias diferentes( Figueira da Foz e Lisboa) durante um período de sete anos, com meio ano de afastamento forçado devido a questões de âmbito nacional, não tem capacidades, o que dizer de uma pessoa que só tem dois anos de experiência? 

 

Ainda em relação à entrevista, Santana lembrou uma coisa interessante e que talvez tenha passado despercebida a muitas pessoas que gostam de ouvir António Costa criticar o túnel do Marquês. Costa acusa Santana de ter saído da câmara sem pagar as obras do túnel. Santana ontem respondeu com uma indesmentível verdade: como poderia ele ter pago a obra em 2004, na altura da sua saída para o Governo, quando esta ainda estava a decorrer? É bom lembrar que o túnel só foi inaugurado oficialmente em Abril de 2007, ou seja quase três anos após a saída de Santana para o Governo (aqui desconto o período de Santana na Câmara durante o período Março/Outubro de 2005, após as legislativas). Ninguém paga uma obra sem esta estar terminada. Outra das acusações de Costa é da que as obras no túnel tiveram uma derrapagem orçamental muito grande e que arrastaram-se durante um longo período de tempo, atrapalhando assim a vida dos lisboetas.

 

Costa só não diz é que a razão da derrapagem e do atraso nas obras foi a providência cautelar interposta pelo seu actual "compincha", José Sá Fernandes, e que paralisou as obras do túnel durante SETE MESES! Outra curiosidade em relação a António Costa é a de que ele não fala da enorme utilidade que hoje têm o Túnel do Marquês, escoando assim um enorme fluxo de trânsito que passa diariamente naquela zona, que mesmo assim continua sempre muito movimentada. Porque será que não fala nada? E ainda deixo outra pergunta: Porquê António Costa, em dois anos que leva na Câmara, não abriu ainda a saída do Túnel que desemboca na Avenida António Augusto de Aguiar? Será porque a obra é de Santana Lopes e não convinha estar a inaugurar um complemento de uma obra de um rival? Não quero acreditar que seja por isso.

 

Acho que ganhando ou perdendo as eleições para a Câmara de Lisboa, Santana Lopes é já um vencedor, porque contra ventos e tempestades, contra a chuva de críticas a que foi sujeito após a sua desastrosa passagem pelo Governo, contra as constantes previsões que muitos fizeram da sua mais que certa "morte" política, ele resistiu. Esteve a andar por aí, mas regressou para mostrar que realmente é um homem com coragem e que parece mesmo que tem sete vidas.

 

 


08
Jul 09
publicado por Alexandre Veloso, às 21:10link do post | comentar

 

 

 

A primeira visita do Presidente Barack Obama a Moscovo fica marcada por um facto bastante importante e que não é o bom acordo alcançado pelos dois países para a diminuição dos seus arsenais nucleares, que hoje servem mais como elementos dissuasores do que como verdadeiras armas de ataque (ou alguém realmente acredita que haverá um ataque de Washington a Moscovo ou vice-versa?) e nem a falta de entendimento entre os dois países em relação ao escudo antimíssel planeado pelos americanos e que pode ser instalado na Europa de Leste ( que os russos ainda encaram como sendo a sua área de influência).

 

O facto relevante foi a declaração de Obama de que o seu interlocutor nesta viagem a Moscovo era o Presidente russo Dmitri Medvedev. Esta afirmação caiu muito mal em Vladimir Putin, o actual Primeiro-Ministro que é por muitos considerado o verdadeiro líder da Rússia apesar de já não ser Presidente.

 

Esta frase é um bom e um mau sinal. É bom porque Obama deixa claro que as suas relações privilegiadas serão com Medvedev, que é verdadeiramente o chefe de Estado. Obama pensa que Medvedev tem uma mente mais aberta e que é mais progressista do que Putin, que Obama encara como um elemento da "velha guarda", com uma mentalidade ainda muito ligada aos tempos da Guerra Fria. E é um mau sinal porque tentar dividir a liderança bicéfala russa e desvalorizar o papel de Putin pode vir a complicar o entendimento entre russos e americanos, isto porque Putin ainda exerce uma grande influência na política russa e em Medvedev.

 

Há quase um ano e meio que Putin deixou de ser Presidente da Rússia e ainda hoje o vemos aparecer muitas vezes. Enquanto Putin foi Presidente alguém lembra-se de ele ter dado tanta visibilidade a algum dos seus Primeiros-Ministros? A resposta é não e a razão é a de que Putin é e sempre será o verdadeiro líder na Rússia. E ignorar este facto poderá ser fatal na tentativa de melhorar as relações entre os EUA e a Rússia.


06
Jul 09
publicado por Alexandre Veloso, às 17:40link do post | comentar

 

Morreu hoje o antigo Secretário da Defesa americana, Robert McNamara, aos 93 anos.

 

McNamara era o último membro da Administração Kennedy ainda vivo e será sempre lembrado pelo controverso papel que desempenhou durante a Guerra do Vietname enquanto responsável máximo pela Defesa dos Estados Unidos. Durante os três anos da Administração Kennedy e dos quatro anos da Administração Johnson, McNamara foi sempre o principal visado pelas críticas da imprensa que o acusavam de não ter nenhuma estratégia para o Vietname e que a única coisa que a guerra fazia era consumir as vidas dos jovens americanos.

 

Muitos erros foram cometidos durante este período, principalmente por os EUA não estarem minimamente preparados para a guerra de guerrilha que os vietcongues estavam a travar e o resultado era o de um número cada vez maior de soldados mortos. A autorização dada por McNamara à utilização de bombas de napalm em território vietnamita é outra das grandes manchas da sua carreira.

 

McNamara só admitiu os vários erros cometidos quando lançou a sua autobiografia,em 1995, onde afirmou: "Nós, das administrações Kennedy e Johnson, agimos de acordo com aquilo que achamos que fossem os princípios e tradições do nosso país. Mas estávamos errados. Terrivelmente errados". A sua vida serviu ainda de base para o documentário "The Fog of War", vencedor em 2003 do Óscar de melhor documentário.

 

Ao longo do seu mandato como Secretário da Defesa, McNamara teve que lidar ainda com situações extremamente lamentáveis, como a fracassada tentativa de derrubar Fidel Castro na operação da Baía dos Porcos e graves, como a crise dos mísseis cubanos, que quase levou o mundo a uma III Guerra Mundial e o assassínio do Presidente John Kennedy.

 

Após deixar o cargo, em 1967, assumiu o cargo de Presidente do Banco Mundial, lugar que ocupou durante treze anos, entre 1968 e 1981. Para além dos cargos políticos que desempenhou, McNamara teve também uma bem sucedida carreira empresarial, pois antes de entrar no mundo da política foi Presidente da Ford, um dos gigantes do mercado automóvel.

 

Herói ou vilão, anjo ou demónio o que é certo é que Robert Mcnamara  será sempre recordado como um homem íntegro, honesto e que agiu sempre de acordo com as suas mais sinceras convicções, apesar de estas terem muitas vezes sido totalmente erradas. Más opções todos na vida tomam, mas ter a hombridade e a coragem de assumir o erro poucos têm, ainda mais quando esses erros custaram a vida a muitas pessoas. Mas McNamara teve e disso ninguém o pode acusar. 

 

 

 

 


02
Jul 09
publicado por Alexandre Veloso, às 20:49link do post | comentar | ver comentários (5)

O gesto de Manuel Pinho hoje no Parlamento na direcção do deputado Bernardino Soares, do PCP, é verdadeiramente injustificável. O que aconteceu não é digno do Parlamento de um país civilizado.

 

O que terá passado pela cabeça de Manuel Pinho? Esqueceu-se de onde estava e de que haviam televisões a mostrar o debate em directo? Entendo que todos nós temos momentos na vida em que temos atitudes precipitadas, mas de um ministro espera-se sempre um comportamento condigno ao posto que ocupa.

 

Depois do gesto, a sua saída era inevitável. Pinho cometeu um autêntico suicídio político. Pelo menos agora vai poder ter umas férias mais descansadas e, quem sabe, comer muita "papa maizena". Porque só mesmo com muita papa é que Pinho voltará um dia a ser ministro.

 

Aproveito para louvar a atitude de José Sócrates ao desculpar-se perante o Parlamento pelo acto irreflectido do seu ministro. Não fugiu pela tangente tentando inventar desculpas que safassem o ministro. A atitude ficou-lhe bem. Só queria era saber qual seria a atitude se Pinho não se tivesse demitido? Iria demiti-lo ou mantê-lo? Isso nunca saberemos.


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