Ontem foi seguramente um dia importante para Cristiano Ronaldo. E para o nosso país. Mas para os elogios, basta ler o post do André Pereira sobre o assunto.
Fico é incrédulo com a vénia dos media perante este acontecimento. Ora recapitulemos: ele já andava a ganhar prémios atrás de prémios; já se especulava desde que andava a ganhar prémios atrás de prémios sobre se ganharia este troféu ou não; e quando realmente é distinguido, a subordinação ao acontecimento Ronaldo-melhor-do-mundo-2008-e-quem-sabe-um-dos-melhores-de-todos-os-tempos-já-que-ganhou-tanto-prémio-ao-longo-do-ano-passado deixa de ser uma notícia para passar a ser uma obsessão.
Quem tivesse ligado a televisão ontem por volta da hora do jantar, deparava-se com um cenário de encantar: Ronaldo mais os seus brincos-diamante a receber um prémio importante diante duma enorme plateia. Mas no caso da RTP1 (em que o serviço público se impõe mais que nos outros canais) esta não só transmitiu a entrega dos prémios como prolongou o tema-Ronaldo até à exaustão. E havia de tudo um pouco: a mãe de Ronaldo chorosa mas felicíssima, Alberto João Jardim a elogiar o menino lá da terra (isto na SIC), o próprio Ronaldo ainda a suar por causa dos holofotes dizendo que "pó ano que vem espera 'tar cá outra vez".
No entanto, o português refastelado no seu sofá não se importa: "é o nosso Rónaldo que ali está, diante dos melhores do mundo, que se lixe, antes ver bola até cansar do que assistir à matança lá dos árabes".
Ainda no outro dia o blogue Jornalismo e Comunicação (aqui linkado) publicava um quadro que mostrava as maiores audiências de 2008. Surpresa das surpresas, os dez primeiros lugares eram ocupados por jogos de futebol ou temas relacionados com futebol (e seguiam-se as telenovelas).
Eu por cá ando farto da merda do futebol. Que se lixe o Ronaldo e o carro espatifado. Nem a notícia do motociclista que morreu no Dakar teve mais importância que o Ferrari desfeito do menino preferido dos portugueses.
Haja discernimento e coerência!