A quantidade de caricaturas na política portuguesa começa a cair, não na estranheza, mas no ridículo. E com isto, os cidadãos são tomados por estúpidos, como se todos tivéssemos que aguardar pela vontade de suas excelências para encontrar um sentido alternativo na política. Foi assim com o regresso de Santana Lopes, para se candidatar à Câmara de Lisboa; é assim com Manuel Alegre.
"A referência histórica do PS", como se auto-intitula na entrevista ao Expresso, parece não saber o que fazer à sua vida. Depois de, em 2006, ter surpreendido ao ultrapassar Mário Soares nas presidenciais e aparecendo então como um quase Messias dos antigos tempos do PS para nos salvar da crise (sim, a crise não é de agora), tem andado, desde então, num vaivém típico de quem gosta de se mostrar. Com o seu lugarzinho no parlamento garantido (por enquanto) e com o típico discurso de ovelha negra dentro do partido, Alegre tem tentado agitar as coisas. Só que este ano há eleições. E não me venham com a conversa das divergências internas nos partidos porque isso sempre houve. A questão é que depois da "ameaça" da formação dum novo partido, aquando da Convergência da Esquerda (em que não estiveram presentes os dois maiores partidos da esquerda, PS e PCP), Alegre desfilou "alegremente" durante todo este tempo, sem problemas e com uma atitude totalmente provocatória, digna de quem pensa que tem a faca e o queijo nas mãos.
Como se costuma dizer, ou Alegre faz o frete, ou se desbronca. E se se desbroncar tem que ser quanto antes, porque ser referência histórica já não chega.