Uma vez por outra, ainda se denota alguma coerência e lucidez no caos do Parlamento. O líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, teve ainda há pouco o seu momento de glória. Revelou uma brecha onde, mais cedo ou mais tarde, se descobrirá a minhoca das maçãs podres que o Governo anda a vender: onde está o pagamento das dívidas do Estado face às empresas que vão financiar os investimentos públicos? Até ao sector bancário, congelado e desesperado por dinheiro fresco, cujas garantias que lhe foram concedidas servirão menos para se financiar do que para suportar os custos de obras faraónicas. O plano anti-crise, lançado duas semanas depois da aprovação do Orçamento, não apresenta qualquer margem de manobra para este pormenor de longo prazo. Que raio de obsessão com resultados imediatos.